Concorrentes do Honda Fit:

Chevrolet Spin LTZ aut.: Sucessor de Meriva e Zafira, é a única minivan no portfólio da marca. A versão de topo custa R$ 62.790.

Fiat Idea Adventure Dualogic: Com motor 1.8 16V, câmbio robotizado e estilo aventureiro custa R$ 58.580.

Nissan Livina X-Gear: É a versão mais equipada da gama e traz câmbio automático e motor 1.8 16V por R$ 55.170.

Você já conferiu como a nova geração do Honda Fit se sai frente aos hatches compactos, modelos voltados para o consumidor jovem, bem-sucedido na carreira e que busca um veículo que se diferencie tanto pelo nível de acabamento superior em relação aos modelos de entrada como pela lista de equipamentos mais abrangente.

E por mais convicto que esse consumidor seja, é fato que a vida de solteiro não dura para sempre. Para aqueles que estão formando uma família, o Fit mostra que sua versatilidade não se limita ao interior bem aproveitado. Sem um concorrente direto, por conta de sua proposta peculiar e da faixa de preço na qual está inserido, ele também pode ser considerado uma ótima opção aos monovolumes mais vendidos em nosso mercado — Chevrolet Spin, Fiat Idea e Nissan Livina —, reunidos aqui em suas versões topo de linha e com preço próximo ao do Fit EXL.

As escolhas dos consumidores deste segmento estão bem consolidadas, como se pode notar em uma rápida análise do ranking de vendas. Considerando o acumulado até março deste ano, Fit e Spin são, de longe, os preferidos do público. O modelo da Honda somou, nos três primeiros meses do ano, 8.915 unidades emplacadas, seguido de perto pelo Chevrolet, com 8.082. Na sequência, aparecem o Idea, com 4.996 veículos, e o Nissan Livina, com 1.788.

Sucessor de Meriva e Zafira, e uma das poucas opções de veículos de passeio com capacidade para até sete ocupantes (caso da opção LTZ avaliada aqui), o sucesso do Spin reside em grande parte no legado que seus antecessores deixaram. Outro ponto importante: o fato de poder transportar dois passageiros a mais que os concorrentes faz do Spin um produto muito procurado pelos taxistas.

Difícil mesmo é entender por que as vendas do Livina não decolam, já que ele é um veículo com diversas qualidades, começando pelo custo-benefício. O Nissan é o mais barato dos quatro modelos reunidos aqui e conta com um bom pacote de itens de série, destacando-se o revestimento interno de couro, o sistema keyless e o ar-condicionado automático digital.

Gosta de um visual mais descolado? Só no Livina e no Idea você encontra os detalhes que caracterizam os aventureiros, um estilo consagrado no país. No Livina ele é mais comedido, enquanto o Idea Adventure é mais radical, inclusive com a suspensão elevada. Com estepe na tampa traseira e pneus de uso misto, ele é mais parrudo que o Nissan. Mas o estilo cai bem ao Fiat.

Se agrada no estilo, o Idea Adventure deixa a desejar com relação ao câmbio. A caixa robotizada — alternativa mais em conta à automática convencional — está longe de oferecer a mesma suavidade de operação. Mas vale dizer que o Dualogic ainda é um dos melhores câmbios robotizados disponíveis no mercado. Mesmo assim, falta à Fiat um sistema mais sofisticado.

Não compensa o fato de contar com apenas 4 marchas, mas o câmbio do Livina trabalha bem com o motor 1.8 16V. Uma prova é que, mesmo com 2 marchas a menos, ele consegue ser mais rápido e praticamente empatar em consumo com o Spin. Nesse ponto, o propulsor do Livina faz a diferença. Com bloco de alumínio e o dobro das válvulas do 1.8 utilizadas pelo Chevrolet, o motor do Nissan se destaca neste comparativo. O Honda Fit, por sua vez, retornou às origens com a adoção do câmbio CVT.

Agora com conversor de torque, ele oferece respostas mais rápidas nas acelerações e, segundo a Honda, permite obter melhor compromisso entre economia de combustível e desempenho do que a caixa automática usada na geração anterior do modelo.

Por alguns décimos de segundo em relação ao Livina, o Fit registrou o melhor desempenho deste comparativo, sendo que um fator importante deve ser levado em conta: o Honda é muito mais leve que os rivais. Enquanto o Idea Adventure Dualogic pesa 1.330 kg, o Fit é o “top model” da turma, com apenas 1.101 kg.

Infelizmente, como nosso primeiro contato com o novo Fit ficou restrito à pista de testes, não conseguimos aferir os números de consumo. Contudo, pelos dados oficiais da Honda, o EXL alcança médias de 8,3 km/l em trajeto urbano e 9,9 km/l no uso rodoviário, valores ligeiramente melhores que os rivais. Futuramente, vamos conferir se eles ficarão próximos em nossos testes.

Uma das características do CVT, que ao mesmo tempo faz tanta gente amá-lo ou odiá-lo, é a sua linearidade. Basta pisar no acelerador e notar o ponteiro do conta-giros quase fixo em uma faixa de rotações e a velocidade aumentando. Não há trancos nem sensação de mudança de marchas. Deve-se acostumar com ele.

Já o automático de 6 marchas do Spin mostra-se “confuso” em algumas situações. Ele estica demais algumas marchas, e as trocas, em alguns casos, são realizadas de forma abrupta, o que está longe de agradar. Seu modo sequencial, acionado por meio de um pequeno botão na alavanca — semelhante ao do Ford New Fiesta — não proporciona um bom manuseio. 

Na hora de acelerar
Muito do que é notado nos conjuntos de motor e câmbio é refletido no  comportamento dinâmico de Fit, Idea, Livina e Spin. Nenhum dos quatro, até mesmo pelo fim a que se destinam, tem o prazer ao dirigir como uma premissa de seus projetos. Contudo, uma coisa é certa: se você escolhe seu carro pelo comportamento dinâmico, fique entre o Honda e o Nissan.

Em ambos, até mesmo pela menor altura e o centro de gravidade mais baixo, as carrocerias são mais firmes e estáveis, além de menos sujeitas a oscilações laterais. Em alguns exercícios dinâmicos isso fica claro, como a mudança de faixa em alta velocidade (realizado na pista de testes). Fit e Livina transmitem mais segurança.

Se ajuda no estilo, a suspensão elevada do Idea não é uma unanimidade. Na versão Adventure ele tem um rodar não tão suave como nas versões Attractive e Essence. Além disso, com 1,81 m de altura, ele não é muito afeito a curvas rápidas. Em compensação, só no Idea Adventure você pode contar com o bloqueio do diferencial, vendido como opcional por R$ 1.733. Se não torna a minivan da Fiat apta para o off-road severo, ao menos pode livrá-la de algumas situações em que uma das rodas dianteiras perde contato com o piso.

Se o Idea Adventure peca pela rigidez na suspensão, o Spin sofre do oposto. E na mesma dose. Ele é o único a adotar o conceito MPV (Multi-Purpose Vehicle), que surgiu nos anos 1990 e ficou famoso com um modelo da Mazda que utilizava a mesma sigla como nome. A arquitetura ajuda a conferir um habitáculo mais volumoso, porém o tamanho encorpado da carroceria é sentido quando você anda rápido.

Com a adoção de novos amortecedores e um subframe de maior rigidez torcional na suspensão dianteira, assim como o assentamento de molas revisto para o conjunto traseiro, o Fit mantém-se tão equilibrado quanto a geração anterior. Curioso que, mesmo com pneus 185/55, parece que em alguns momentos o Fit precisa de mais apoio.

Ambos com assistência elétrica progressiva para a direção, Livina e Fit também são os que oferecem as melhores respostas nesse quesito. Leves para o uso urbano, em especial na hora de manobrar, o recurso oferece ainda mais comodidade em relação à hidráulica presente no Idea Adventure e no Spin. Falta à dupla da Fiat e Chevrolet respostas mais rápidas às solicitações do motorista, sendo que no Idea Adventure, apesar  do bom número de diâmetro de giro (10,5 m), a sensação é de que esterça pouco.

Interior e porta-malas
Reclamar do espaço interno a bordo de algum destes monovolumes seria exagero, mas, mesmo com seu teto elevado e ótimo espaço para a cabeça, o Idea Adventure não oferece a melhor sensação de espaço, mais foi imbatível na soma das medidas internas. Na cabine do Fiat também merece destaque o assoalho traseiro completamente plano (nos rivais ele é ligeiramente mais pronunciado), o que permite acomodar três pessoas com mais conforto.

No Livina, o espaço é adequado para cinco adultos, enquanto o Fit destaca-se pelo fácil sistema de rebatimento de bancos, que permite o melhor aproveitamento do espaço. Já no Spin, a área para os passageiros na segunda fileira poderia ser melhor. Além disso, tanto no Chevrolet quanto no Nissan, os ocupantes se acomodam de forma mais vertical em comparação a Fit e Livina, uma artimanha para liberar mais espaço, mas que não agrada a todos. A posição de dirigir, por exemplo, é uma das prejudicadas.

Apesar de não possuir o maior porta-malas do grupo, o Nissan foi o que permitiu acomodar com mais facilidade o nosso jogo de malas. O compartimento do Fit pode não se destacar quando se checa os números da ficha técnica, mas seu espaço bem planejado surpreende. Basta trabalhar com a boa altura disponível.

O Fiat Idea já não foi tão camarada, e nossa mala pequena quase ficou de fora. Já no Spin, o nada sofisticado sistema de rebatimento da terceira fileira de bancos — um retrocesso frente ao do Zafira — acaba por sacrificar boa parte dos 553 litros do porta-malas, uma vez que ela fica dobrada em vez de ser embutida no assoalho.

Por fim, a qualidade de acabamento no Spin está longe de convencer, o que se torna ainda pior quando lembramos que a versão analisada aqui é a mais cara. Os plásticos utilizados têm aspecto simples e só a central multimídia MyLink ajuda a “enobrecer” um pouco o painel.

O Livina, bem mais sóbrio, aposta nos tons escuros para o interior, enquanto o Idea capricha com vários porta-objetos e até mesmo uma pequena prateleira acima do para-brisa, soluções de praticidade muito bem-vindas em um carro dessa categoria. O Fit, por sua vez, segue a mesma linha conservadora do Nissan, mantendo a ótima ergonomia e a qualidade de construção. Uma geração à frente dos rivais, era natural esperar que o  Honda também oferecesse o melhor conjunto, o que de fato ocorre aqui. Para o jovem ou o chefe de família, ele continua como uma excelente opção de automóvel.

Análise técnica:

1º Honda Fit EXL: 183 pontos

Pontos positivos: conjunto motor e câmbio, espaço interno e versatilidade

Nem tudo merece elogios na nova geração do Honda Fit. Na versão mais cara, a EXL considerada aqui, ele perdeu equipamentos como o ar-condicionado automático digital e o freio a disco nas rodas traseiras. Além disso, como agora o seu sistema de som está mais completo e possui tela para exibir as imagens da câmera de ré (novidade importante no modelo), era de se esperar um navegador. Essas são as poucas críticas para o Fit 2015, assim como o prático sistema de rebatimento dos bancos, que não está disponível na versão de entrada DX. Fora isso, ele mantém a mesma distribuição de espaço interno e ergonomia invejáveis, que o ajudaram a se tornar um sucesso desde o lançamento. Ele pode não ser o melhor na soma das medidas internas e nem oferecer o maior porta-malas, mas é um carro tão bem resolvido que consegue acomodar cinco adultos com conforto e o mesmo volume de bagagem que seus concorrentes. A volta do câmbio CVT, em conjunto com o motor 1.5 flex, fez bem ao modelo. Graças ao baixo peso, o seu desempenho supera até mesmo o de rivais com propulsores maiores. A dirigibilidade do novo Fit é outro aspecto que merece elogios.

2º Fiat Idea Adventure Dualogic: 171 pontos

Pontos positivos: espaço interno generoso e o bom motor 1.8 16V

Com nove anos de mercado, o Idea pode ter perdido parte de sua competitividade, mas ainda é um produto interessante. Com bom espaço interno e generoso na quantidade de porta-objetos, ele oferece ótima ergonomia. Mesmo com o bom 1.8 16V E.torQ sob o capô, seu peso elevado fez com que registrasse os piores números de desempenho. A caixa robotizada ajuda o Idea Adventure a custar menos que os oponentes automáticos, porém está longe de oferecer a mesma suavidade no funcionamento.

3º Nissan Livina X-Gear: 170 pontos

Pontos positivos: comportamento dinâmico, desempenho e porta-malas

Como você pode ver, a disputa entre Livina e Idea Adventure foi bem apertada, sendo que foi decisivo para o Fiat a superioridade na soma das medidas internas e o consumo mais comedido em relação ao Nissan. Mas aqui vai uma sugestão importante: se você não quer encarar os soluços do câmbio robotizado, opte pelo Livina X-Gear. Sua caixa automática está longe de ser uma das mais avançadas do mercado, mas lhe oferecerá maior conforto. A sua dirigibilidade 
é boa, porém, falta mais refinamento no interior.

4º Chevrolet Spin LTZ automático: 166,5 pontos

Pontos positivos: espaço para 7 pessoas e porta-malas

Quem quer um Spin topo de linha obrigatoriamente vai levar 7 lugares “de brinde”. Esse é um diferencial do Spin, porém, como eles ocupam espaço dentro do porta-malas, o aproveitamento do compartimento acaba comprometido. O acabamento também apresenta algumas falhas aparentes e poderia contar com materias de aspecto mais nobre. Quando damos sequência na análise técnica, as coisas se complicam. Considerando os números de aceleração e retomada, 
por exemplo, ele sofre com o pior desempenho.

Análise de mercado

1º Honda Fit EXL: 50,5 pontos

Como você pode conferir na tabela ao lado, o Honda Fit não é o carro mais barato do comparativo. O que explica, então, sua primeira colocação aqui? É simples: com boa reputação – e procura – no mercado de usados, ele conta com baixa desvalorização, seu preço de seguro é competitivo e os gastos com revisões são baixos. Quer mais? Até no valor pedido pela pintura metálica (R$ 990) ele supera Spin, Idea Adventure e Livina X-Gear. O Fit é o típico caso no qual você investe mais na hora da compra, porém o retorno já começa no momento em que você sai da concessionária. O único ponto que permanece em aberto diz respeito ao consumo de combustível, o qual vamos esclarecer em nosso contato com o Fit. A julgar pelos números oficiais da Honda, podemos esperar pelo menos médias iguais ou melhores que as demais minivans reunidas aqui. A Honda espera aumentar as vendas do Fit por aqui, em especial nas versões mais caras. Pelo menos nesse primeiro contato, ele tem tudo para conquistar cada vez mais clientes.

2º Nissan Livina X-Gear: 48,5 pontos

Assim como o Fit, o Livina também não abusa nos custos do seguro e tem desvalorização comedida. Outro ponto que favorece muito o Nissan é seu custo-benefício: ele é o mais barato dos quatro e é bem equipado de série. Além disso, só nele você encontra equipamentos como ar-condicionado automático digital e sistema keyless para abertura das portas e partida. O Livina só escorregou no custo das revisões. O prazo de garantia é coerente com o dos demais modelos e o custo de sua pintura metálica só é maior que o do Fit.

3º Chevrolet Spin LTZ automático: 46,5 pontos

Assim como o Fit, o Spin ultrapassa a faixa dos R$ 60.000, só que ao contrário do Honda ele não compensa esse fato após a compra. Segundo nosso cálculo, sua desvalorização no primeiro ano beirou os 12%, só perdendo para o Idea Adventure. O valor do seguro, considerando nosso perfil padrão, também foi o mais caro dos quatro e o único que ficou acima de R$ 3.000. O custo das revisões até 30.000 km, contudo, não é elevado. O Spin também é beneficiado com a ampla rede de concessionárias da marca.

4º Fiat Idea Adventure Dualogic: 43 pontos

Não é de estranhar a péssima posição do Idea Adventure quando o assunto é mercado, a começar pela desvalorização. De acordo com a pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), na qual nos baseamos, ele registra uma perda de valor de 13,9% no primeiro ano, uma péssima média. Seu custo de revisões ficou próximo ao do Spin, o que não é ruim. O valor da pintura metálica, entretanto, é o mais caro do comparativo. Outro quesito que não ajuda o Idea Adventure é o menor prazo de garantia.

Veredito:

Seja na pista ou nas cotações de mercado, o Fit mostra o ótimo produto que a Honda tem em seu portfólio. Ele é um carro tão competente que venceu dois comparativos de uma vez só, amparado em seu projeto moderno — com ótimos recursos de aproveitamento do espaço interno — e um conjunto mecânico coerente. É fato que você paga caro por ele, mas sua reputação de baixa desvalorização e custos de manutenção competitivos deve ser levada em conta. Este Honda é uma compra que vale a pena e a estreia da nova geração deve fazer a concorrência se mexer. Apesar de não seguir a ordem de nossa análise técnica, coloco em segundo lugar neste comparativo o Nissan Livina, em especial pelas notas de mercado. Ele desvaloriza muito menos que o Idea Adventure e compartilha com o Honda o pós-venda comedido nos valores. Só deixou um pouco a desejar na somatória das revisões. Em relação ao Idea Adventure, que também tem suas qualidades, ele tem outro argumento importante: ele custa menos e ainda traz câmbio automático. Preocupa no Fiat sua elevada desvalorização e o prazo de garantia inferior aos rivais. Por fim, em último lugar, o Spin pode ser considerado se os 7 lugares são essenciais para você. Mesmo nesse caso, saiba que o Nissan Grand Livina é uma opção que deve ser considerada. – César Tizo I Editor-executivo

Outras opiniões

Por Márcio Murta I Repórter
Até a chegada do novo Honda Fit, minha escolha no segmento de minivans recairia sobre o Nissan Livina, modelo que, embora já mereça uma atualização, sempre apresentou conjunto equilibrado e é gostoso de dirigir. Não considero o novo Fit perfeito, mas optaria pelo modelo japonês pela modernidade.

Por Leonardo Barboza I Editor de testes
Embora pareça pequeno, o Honda Fit possui bom espaço interno e porta-malas, segurança de ponta e, embora mais caro, possui mecânica confiável e baixa desvalorização, o que, no fim das contas, compensa muito mais do que o valor elevado na hora da compra. Meu voto vai para ele.   

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